terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lentes de Contato Multifocais

Lentes de contato que corrigem também a visão de perto? Ficar sem óculos para longe e para perto ao mesmo tempo?
Sim, é possível! Saiba tudo sobre Lentes de contato multifocais agora, lendo esse texto abaixo

Se você já passou dos 40 anos e tem dificuldade para ler letras pequenas, você provavelmente sofre de presbiopia. Antigamente a única opção para corrigir a presbiopia era o uso de óculos de leitura ou de óculos multifocal. Hoje, já é possível corrigir esse problema com o uso de lentes de contato.

Como explicado em postagem anterior (clique aqui), quem usa lentes de contato e tem vista cansada tem 3 opções de correção:
- Usar um óculos para perto em cima da lente de contato de longe
- Usar lentes de contato monovisão (um olho para longe e outro para perto)
- Usar lentes de contato multifocais ou bifocais

Lentes de Contato Multifocais

As Lentes de Contato para corrigir a visão de perto (presbiopia) podem ser bifocais ou multifocais. A diferença entre elas é a mesma do óculos bifocal com o óculos multifocal. A bifocal só tem duas gradações diferentes de grau e a multifocal tem várias gradações diferentes. Nesse texto vou usar lentes de contato multifocais para me referir as lentes tanto bifocais quanto multifocais.
As Lentes de Contato multifocais ou bifocais podem ser gelatinosas ou rígidas gás permeáveis. Podem ser também de descarte diário, mensal ou de uso prolongado, de acordo com a preferência de cada pessoa.
Existem também as lentes de contato multifocais tóricas, para as pessoas que além da presbiopia também apresentam uma grau alto de astigmatismo.

As lentes de contato multifocais podem ser de 3 tipos:


Lente de Contato Bifocal de translação (ou alternantes)

Essa lente funciona basicamente como um óculos bifocal convencional. A parte de cima da lente de contato tem o grau de longe e a parte de baixo tem o grau de perto. Então conforme seu olho vira para baixo, ele olha através do grau de perto.
O problemas é que a lente de contato costuma mexer junto com o olho... então se eu olhar para baixo a lente vai se mexes junto e eu vou continuar olhando pela parte de longe! Sim, isso é verdade e seria um problema... mas os fabricantes inventaram mecanismos próprios para fazer com que nessas situações a lente não se mexa e você consiga olhar através do grau de perto.
A maioria dessas lentes de contato bifocais são rígidas gás permeáveis.


Lentes de Contato multifocais Concêntricas (anéis)

Nessas lentes existem 2 tipos de graus (longe e perto) que vão se alternando. Existem anéis de graus diferentes que se intercalam. Ou seja, 1 dos anéis tem o grau de perto, o anel seguinte tem o grau de longe, o outro anel tem novamente o grau de perto e assim sucessivamente.


O anel central é o mais importante e pode ter o grau de perto ou o de longe. Alguns médicos optam por colocar em um dos olhos a lente com o anel central com o grau de perto e no outro olho o anel central com o grau de longe. Essas lentes podem ser tanto rígidas quanto gelatinosas


Lentes de contato multifocais asféricas

Nessa lente os graus de perto e de longe se misturam na superfície da lente e o cérebro se acostuma a separar os graus e manter a visão nítida para todas as distâncias. Essa é a única lente de contato que pode ser chamada realmente de multifocal. Mas ao contrário do óculos multifocal, não é necessário que o paciente mexa o olho para achar o grau de perto. Isso já ocorre de forma automática.
Esse tipo de lente multifocal (asférica) geralmente é do tipo gelatinosa e nos últimos anos tem ganhado a preferência dos usuários.
Lente de Contato Multifocal asférica

Será que eu vou me adaptar as lentes de contato multifocais?

Sim, provavelmente você ficará satisfeito com essas lentes. No entanto, precisa ficar claro, que é preciso um período de adaptação. Hoje, temos vários tipos de lentes de contato multifocais e se uma lente não funcionou para você podemos tentar outro modelo. As vezes, é necessário testar mais de um modelo.

Critérios para escolher qual lente de contato multifocal usar:

O grau de adição para perto é o primeiro fator que deve ser considerado. Graus baixos de adição de perto são mais facilmente adaptáveis com as lentes de contato multifocais. Quando o grau é mais alto, deve-se tentar a lente bifocal de translação e evitar a multifocal asférica. Ou seja, pessoas mais idosas que tem uma adição para perto grande (acima de 65 ou 70 anos geralmente) não costumam ser bons candidatos a esse tipo de lente
O tamanho da pupila também será levado em consideração pelo seu oftalmologista na hora de escolher o tipo de lente de contato multifocal que vai utilizar. Pessoas que tem a pupila grande talvez não se adaptem bem a lente asférica por exemplo e prefiram usar a lente bifocal de transição.

Uma outra opção é fazer a chamada monovisão modificada. Nesse tipo de adaptação coloca-se uma lente de contato simples para longe no olho dominante e uma lente de contato multifocal no outro olho.

É importante ressaltar que essas lentes de contato multifocais não vão proporcionar uma visão tão nítida e confortável quanto um óculos multifocal ou um óculos só de longe ou só de perto. No entanto, elas darão uma visão nítida o suficiente para a maioria das atividades do dia-a-dia. É o fim da dependência do óculos.

Para ler mais sobre Lentes de Contato, leia o texto abaixo:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/lentes-de-contato-tipos-modos-de-usar-e.html

Para saber mais sobre Óculos Multifocal, leia o artigo abaixo:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/tudo-sobre-oculos-multifocal-dicas-para.html

domingo, 19 de setembro de 2010

Conjuntivite Alérgica e Coceira nos olhos




Coceira nos olhos é um sinal de alergia ocular. A alergia ocular é uma forma de alergia bastante comum. Quase 2 em cada 3 pacientes com alergia (rinite, sinusite por exemplo) vão apresentar sintomas oculares de alergia, como coceira, vermelhidão, lacrimejamento, inchaço e irritação nos olhos.

O que causa a alergia ocular?

Teoricamente qualquer coisa pode causar alergia. Pólen e ácaro são os agentes mais implicados. O agente que causa alergia é chamado de alérgeno. A maioria desses alérgenos está no ar, como pólen, ácaro, poeira, mofo, pêlo de animal, produtos de limpeza entre outros.
Outras causas de alergia como alguns alimentos não costumam causar sintomas nos olhos. Reações adversas a colírios podem causar sintomas de alergia ocular.


Por quê eu tenho alergia?

A alergia é uma resposta exagerada do organismo ao contato com alguma substância estranha. Por exemplo, o contato com o pólen das flores não causa nenhum problema na maioria das pessoas mas em pessoas sensíveis ela causará alergia, com sintomas de rinite, sinusite, asma e às vezes conjuntivite.

Como saber a causa da alergia?

Para identificar o que causa a alergia é importante a visita a um médico alergista e a realização de testes específicos. Existem testes que podem ser realizados na pele e testes realizados no sangue para tentar identificar a causa da alergia

Quais os sintomas da alergia ocular?

olho vermelho, coceira nos olhos
A alergia ocular apresenta sintomas que parecem uma conjuntivite. Por isso mesmo, nós médicos chamamos o quadro de conjuntivite alérgica.
O principal sintoma da alergia ocular é a coceira (prurido) ocular. Praticamente podemos dizer que não existe alergia se não houver coceira.
Outros sintomas:
Lacrimejamento excessivo, vermelhidão, irritação, sensação de areia, inchaço das pálpebras, ardência e queimação nos olhos, entre outros.
Como você notar, são sintomas comuns a uma conjuntivite infecciosa comum.
A alergia ocular sempre ocorre nos dois olhos, embora um olho pode ser muito mais acometido do que o outro. A doença geralmente é leve mas costuma ser recorrente, ou seja, vai e volta com freqüência.
Em formas graves da alergia ocular, os sintomas são muito intensos e atrapalham muito a vida do paciente. Pode inclusive causar lesões na córnea com comprometimento permanente da visão.

Quais as principais diferenças da conjuntivite alérgica para a conjuntivite infecciosa

- A coceira é mais comum e mais intensa na forma alérgica
- A secreção (tipo remela, branca ou amarelada) é mais comum e intensa na forma infecciosa mas também pode ocorrer na alergica
- A forma alérgica NÃO é contagiosa, ou seja, não passa de pessoa para pessoa. A forma infecciosa, ao contrário, transmite facilmente entre as pessoas.
- A forma infecciosa geralmente dura 1 a 2 semanas. Já a forma alérgica, se não for tratada, pode durar muitas semanas

A conjuntivite alérgica causa uma reação inflamatória no olho (com formação de papilas) diferente da conjuntivite infecciosa em que há formação de folículos. O paciente não tem como saber qual tipo de reação ele apresenta (papilas ou folículos) mas o médico oftalmologista pode visualizar essas reações e fazer a diferença entre os dois tipos de conjuntivite.

Como diminuir as crises de alergia? Dicas para evitar a alergia nos olhos:

Pessoas alérgicas devem tomar algumas medidas para evitar a ocorrência de crises alérgicas
• Mantenha o ambiente livre de poeira e de preferência arejado e ensolarado.
• Utilize produtos anti-mofo
• Lave as roupas guardadas por muito tempo, antes de usar, porque elas acumulam poeira e mofo.
• Evite objetos que juntam pó - cortina, tapetes, bichos de pelúcia. Troque tecidos de pano por tecidos plásticos. Encape travesseiros e colchões
• Limpe com frequência o filtro do ar condicionado.
• Evite flores ou animais domésticos (principalmente gatos e cachorros) dentro de casa.
• Evite lugares úmidos e com muita poeira
• Evite manusear produtos antigos ou guardados há muito tempo (livros por exemplo)
• Evite contato com fumaça de cigarro

Tratamento da Alergia Ocular

O mais importante é evitar a alergia. Para isso as medidas listadas acima são fundamentais para diminuir o número de crises.
Uma vez que a alergia já se instalou, EVITE COÇAR OS OLHOS.
Cada vez que você coça os olhos, libera mais mediadores químicos da alergia, causando mais coceira ainda e fazendo um círculo vicioso. Além disso, coçar muito o olho pode causar outros problemas como lesões na córnea a até uma doença chamada ceratocone (leia mais nesse post sobre ceratocone).

- Compressas geladas aliviam a coceira e impedem que você coce o olho aumentando ainda mais a irritação
- Uso de soro fisiológico ou colírios lubrificantes, lavam o olho, tirando os componentes que estão causando a alergia (pólen, poeira etc) do olho.
- Colírios antialérgicos: São colírios altamente eficazes, que só precisam ser usados 1 ou 2 vezes ao dia e praticamente não tem efeitos colaterais
- Colírios de corticóides: Os corticóides são antiinflamatórios altamente eficazes e potentes mas só devem ser usados em casos onde há lesões na córnea. Os corticóides tem muitos efeitos colaterais e só devem ser usados sob orientação médica.


Úlcera em escudo e outras complicações da alergia ocular

Ulcera em escudo por alergia ocular
Em casos mais graves, onde a inflamação persiste por longo tempo, pode ocorrer lesões na córnea. Essas lesões podem comprometer, as vezes de forma irreversível, a visão da pessoa. Uma dessas lesões é a chamada úlcera em escudo, que requer um tratamento imediato e intenso, as vezes, por um longo período.
Como já tido acima, a coceira persiste por longos períodos (meses a anos) pode levar ao desenvolvimento de uma doença chamada ceratocone.

Alergia ocular e Lentes de Contato

Mesmo quem usa lentes de contato há muito tempo pode apresentar alergia ao produto da lente ou ao produto de limpeza das lentes. Isso se manifesta como coceira, irritação e vermelhidão, principalmente quando tira a lente do olho.
Além disso, quem tem alergia, libera alguns resíduos na lágrima que se aderem na lente e causam irritação
Além do tratamento normal da alergia, é necessário interromper o uso da lente de contato por algum período.
Um tipo de alergia as lentes de contato é a chamada conjuntivite papilar gigante. As papilas típicas da conjuntivite alérgica ficam muito grandes causando intenso incomodo ocular.
Você sabe a maneira certa de pingar os colírios? Leia esse texto e evite desperdícios e obtenha um efeito melhor
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/10/como-pingar-colirios-de-forma-correta.html

Quer saber mais sobre alergia, rinite alérgica, tratamentos da rinite etc ? Então leia o blog MDSaúde
http://www.mdsaude.com/2011/06/rinite-alergica-tratamento.html#more

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Descolamento de Retina: Causas, Sintomas e Tratamento

O Descolamento de Retina é uma doença grave com comprometimento importante da visão e de tratamento essencialmente cirúrgico. A Retina é um tecido bem fino e delicado que fica localizado na parte mais interna do olho. Ela é responsável pela captação da luz e transmissão da imagem até o nervo óptico. Quando a retina se solta ou se desprende das outras estruturas do olho ocorre o que chamamos de Descolamento da Retina.

Descolamento de retina
Descolamento da Retina na parte superior do olho


Causas do Descolamento de Retina

O Descolamento de Retina pode acontecer sem nenhum fator desencadeante mas normalmente é possível identificar algum fator de risco que tenha levado a essa doença:


  • Trauma Ocular: Os traumatismo de olho ou de rosto (ex: soco, queda, acidente de carro) podem causar um Descolamento de Retina. Todo paciente que tenha sofrido algum tipo de trauma na região do rosto ou da cabeça precisa fazer um exame de fundo de olho para investigar algum risco de ter um descolamento de retina


  • Alta Miopia: Os pacientes com graus médios ou altos de miopia (maior do que 3 ou 4 graus) são pacientes com maior risco de descolamento de retina e por isso devem realizar exames de fundo de olho (mapeamento de retina) pelo menos 1 vez ao ano


  • Diabetes: As alterações oculare decorrentes da diabetes podem levar a um tipo de descolamento de retina, chamado Descolamento de Retina Tracional. Para saber mais sobre a diabetes ocular clique aqui


  • Tumores Oculares: Os tumores oculares são bastante raros mas quando ocorrem podem causar descolamento de retina
Sintomas do Descolamento de Retina

Quando o descolamento de retina começa a aparecer o paciente pode notar pequenos pontos pretos flutuantes na visão chamados de "moscas volantes". Junto também pode ocorrer "flashes de luz", como se fossem relâmpagos, chamados fotopsia. A presença desses dois sintomas (moscas volantes + fotopsia), principalmente quando surgem de forma subita, é um sinal de alerta e o oftalmologista deve ser procurado o mais rápido possível.
Quando o descolamento de retina já ocorreu, a pessoa nota diminuição do campo de visão (uma mancha escura grande tampando toda a visão ou só uma parte dela).  Essa mancha escura pode ser no centro da visão ou na periferia da visão.
O descolamento de retina não causa dor e nem vermelhidão nos olhos.

Como ocorre o Descolamento da Retina?

Nos pacientes de risco (vide texto acima) ou mesmo em paciente sem qualquer fator de risco, a retina sofre um rasgo ou uma pequena rotura. Através dessa rotura, o vítreo (que é um líquido que preenche o nosso olho) passa para a parte de trás da retina, descolando-a. Esse é o tipo de descolamento da retina chamado regmatogênico. Em outros casos, como no diabetes, o mecanismo é diferente. O vítreo fica fibrosado e traciona a retina, descolando-a. Esse tipo chamamos de descolamento da retina tracional
Mecanismo do descolamento de retina regmatogênico
Tratamento do Descolamento de Retina

São 2 opções básicas para o tratamento do descolamento da retina : Laser ou cirurgia.

Laser para Descolamento de Retina
Quando o descolamento de retina ainda não ocorreu mas há lesões na retina que poderão causar o descolamento (como pequenos rasgos, degenerações ou roturas na retina) o laser é o tratamento ideal. O laser "cerca" a rotura ou, em outras palavras, impede que o líquido passe através dessa pequena rotura e descole a retina (veja a figura acima).

Vitrectomia e Descolamento de Retina
Mas quando a retina já se descolou o tratamento é cirúrgico. Existem dois tipos de cirurgia de retina:
A retinopexia com introflexão escleral, que é uma técnica mais simples e mais antiga, indicada para casos mais leves e mais iniciais do descolamento de retina.
A vitrectomia via pars plana é a principal cirurgia de retina. É uma cirurgia grande, trabalhosa, mas quando executada por um bom cirurgião e em determinadas doenças tem um resultado excelente. Durante a vitrectomia, o cirurgião pode optar por injetar um gás (C3F8) ou uma camada de óleo de silicone dentro do olho para manter a retina colada e evitar que ela se solte no pós operatório. O gás é absorvido com o tempo mas o óleo exige uma segunda cirurgia para retira-lo depois.


O mais importante é fazer a cirurgia o mais rápido possível. Quanto mais tempo a retina ficar descolada, menor será a chance da visão voltar ao normal.

O que é descolamento de retina em funil aberto e em funil fechado?

Isso é uma característica da retina após o descolamento. Dependendo da forma da retina descolada nós chamaremos de  funil aberto ou funil fechado. O descolamento de retina em funil fechado tem um prognóstico muito reservado

Eu vejo pontos pretos flutuando na frente dos meus olhos (moscas volantes). Eu tenho descolamento de retina?

Não necessariamente. Esses pontos pretos (que algumas pessoas dizem parecer uma teia de aranha ou um inseto pequeno) são sinais de descolamento do vítreo que é muito mais comum que o de retina. Nesses casos pode haver ou não um descolamento de retina associado e por isso é importante um exame de mapeamento de retina e um ultrassom ocular. O descolamento do vítreo não causa qualquer problema na visão.

Eu vou fazer cirurgia de catarata ou cirurgia de miopia. Tenho que me preocupar com descolamento de retina?

Sim. Todo paciente que vai fazer uma cirurgia de catarata ou cirurgia refrativa para miopia deve se precaver com exames de retina (mapeamento de retina e ultrassonografia) para identificar possíveis alterações que levem a um descolamento de retina. Se for identificado alguma lesão (rotura ou buraco na retina) que leve ao descolamento de retina, as lesões deverão ser tratadas com laser antes da cirurgia de catarata ou de miopia.

Para saber mais sobre as moscas volantes e o descolamento do vítreo, leia o texto abaixo
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/11/moscas-volantes-e-descolamento-do.html