segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uveíte Ocular

Uveíte ocular é uma doença que acomete os olhos, mais especificamente a região conhecida como úvea. Úvea (ou trato uveal) é um tecido do olho composto pela íris, pelo corpo ciliar e pela coróide. Por diversos motivos (veja abaixo) esse tecido pode inflamar e causar a doença conhecida como Uveite.
A uveite pode acometer homens e mulheres, crianças, adultos ou idosos.


O que causa a Uveíte?
Podemos dividir a uveite em causas infecciosas ou inflamatórias. Algumas doenças que afetam outros órgãos do corpo podem causar uveite. Por exemplo, existe uma certa relação entre doenças reumatológicas e uveite.
Abaixo listo algumas das muitas causas de uveite. Clicando sobre elas você será direcionado ao site MDSaúde aonde poderá ler mais sobre essas doenças  

Uveite infecciosa: Causas
- Toxoplasmose ocular (leia tudo sobre toxoplasmose ocular)
- AIDS (HIV) (leia sobre HIV/AIDS)
- Toxocaríase

Uveite de causa inflamatória:
- Tumores intraoculares
- Sarcoidose
- Doença de Vogt-Koyanagi Harada
- Doença de Behçet (aftas na boca, lesões genitais e uveite)
- Artrite reumatóide juvenil ou idiopática (acomete principalmente crianças)
- Espondilite anquilosante (dor de coluna, uveite)
- e várias outras doenças menos comuns

Importante ressaltar que muitas vezes não conseguimos descobrir a causa da uveite. Nesses casos, chamamos de uveite idiopática (que é o mesmo de chamarmos de uveite de causa indefinida).

Tipos de Uveíte:

A uveíte pode ser classificada em anterior (acomete a porção anterior do olho, especialmente a íris), intermediária, posterior (acomete a porção posterior do olho, como retina e coróide) ou pode acometer todo o olho (uveítes difusas ou pan uveíte)


Uveite. Sintomas:
Os principais sintomas da uveíte são: dor ocular, vermelhidão intensa, fotofobia e diminuição súbita da visão. Esse quadro ocorre de forma súbita, ou seja, ao longo de 1 a 3 dias no máximo. O quadro pode parecer uma conjuntivite, mas diferente da conjuntivite, na uveite NÃO ocorre secreção abundante e a doença não passa de pessoa para pessoa.
Alguns casos de uveite posterior apresentam só dimunição da visão sem ter olho vermelho ou dor ocular. Também ocorrem as chamadas "moscas volantes", que são pequenos pontos pretos que ficam flutuando na frente da visão da pessoa e que se mexem conforme a pessoa mexe o olho.
A uveite precisa de tratamento imediato, então caso o paciente apresente os sintomas acima deve procurar um médico imediatamente.


Uveíte. Diagnóstico

O diagnóstico da uveite só pode ser feito por um oftalmologista. Como o quadro pode ser parecido com outras doenças (como conjuntivite) só o exame feito por um oftalmologista pode dizer se é ou não é uveite.
Na uveite existem sinais típicos que a diferenciam de outras doenças. Na foto abaixo vemos pontos redondos chamados precipitados ceráticos que são típicos de algumas formas de uveíte.

Uveite
Uveite

Para estabelecer a causa da uveite, o médico levará em consideração a idade da pessoa (há doenças mais comuns em crianças outras em idosos...), o sexo e a raça (negros são mais propensos a algumas doenças, brancos a outras doenças). A diferençiação entre uveite anterior e posterior também é importante.
Além do exame oftalmológico, o médico poderá pedir alguns exames de sangue para descobrir alguma doença específica, como toxoplasmose, sarcoidose, HIV, sífilis, além de exames para pesquisar as doenças reumatológicas (como dosagem de fator reumatóide, antígeno HLA-B27, FAN).
Várias doenças auto-imunes causam uveite e os exames acima podem ajudar a identificar algumas dessas doenças (leia mais sobre doenças autoimunes)


Uveíte. Tratamento:

O Tratamento da uveite deve ser feito com colírios e às vezes também com comprimidos.
Como colírios, usamos corticoesteróides, que serão pingados de várias vezes ao dia de acordo com a gravidade do caso. Além disso, utilizam-se colírios que dilatam a pupila (midriáticos). Esses colírios aliviam a dor e evitam algumas complicações da doença. Em alguns casos de uveite, a pressão ocular aumenta e por isso é preciso usar colírios para diminuir essa pressão.
Quando a inflamação é muito intensa e ocorre na parte posterior do olho (uveite posterior ou uveite difusas) é preciso usar corticóide por via oral, pesando sempre o risco/benefício devido aos efeitos colaterais dessa medicação (leia mais sobre esses efeitos colaterais clicando aqui).
Quando sabemos qual é a causa da uveite, o tratamento deve ser direcionado para essa causa. Então, se a causa for toxoplasmose, devemos usar o tratamento específico da toxoplasmose, se a causa for tuberculose, o tratamento específico da tuberculose e assim por diante. 

O que eu devo fazer se tiver com suspeita de uveíte?

Toda pessoa com os sintomas acima (olho vermelho, dor e diminuição da visão) deve procurar um oftalmologista o mais rápido possível. A uveíte pode causar uma perda permanente da visão e quanto mais cedo fizer o diagnóstico e começar o tratamento melhor.

Para saber mais uveíte por Toxoplasmose leia o texto abaixo:

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Como pingar colírios de forma correta?

Você sabe como pingar os colírios de forma certa?

O uso correto dos colírios é fundamental para evitar desperdícios e obter o efeito desejado dos medicamentos. Pode parecer simples, mas na verdade, grande parte das pessoas não sabem pingar os colírios de forma correta.

Quando você pinga uma gota de colírio no olho, parte do colírio escorre para fora, parte evapora e só uma parte é absorvida pelo olho e vai fazer a função desejada.
Especialmente, se o colírio que você usa é para abaixar a pressão do olho (glaucoma) ou para combater uma infecção (conjuntivite por exemplo) isso pode fazer a diferença para obter a cura da doença.

Vamos a algumas dicas de como pingar os colírios:

- Em geral, só devemos pingar uma gota de cada vez (a não ser que seu médico tenha orientado o contrário). O nosso olho só tem capacidade para o volume de líquido correspondente a uma gota. Mais do que 1 gota, provavelmente vai escorrer e não será aproveitado, gerando desperdício de dinheiro.
- O colírio deve ser pingado no "fundo de saco inferior", que é a "bolsinha" que se forma ao puxarmos a pálpebra inferior para baixo e para frente.
- Pingar os colírios deitado é mais fácil do que faze-lo sentado ou em pé. Se for pingar sentado, incline a cabeça para trás na hora de pingar o colírio.
- Depois de pingar o colírio, feche os olhos e aperte o canto do olho próximo ao nariz. Assim, você mantém o colírio por mais tempo em contato com o olho e diminui a quantidade de medicamento que passa para a corrente sanguínea, evitando assim os possivéis efeitos colaterais dos medicamentos.
- Se o seu médico prescreveu mais de um colírio, não pingue eles juntos. Se o horário de pingar os colírios coincidir, dê pelo menos 15 minutos de intervalo entre um colírio e outro
- Evite encostar o frasco do colírio no olho.
- Não compartilhe colírios com outras pessoas. Cada pessoa deve usar um frasco de colírio diferente, para evitar transmitir infecções
- Tampe os colírios e mantenha-os em local fresco e arejado. Somente alguns colírios devem ser guardados na geladeira. Se isso for necessário, estará escrito na bula. Se não estiver escrito na bula, é porque não precisa.
- Se o colírio caiu fora do olho, pingue outra gota. É melhor ter 2 gotas do que não ter nenhuma.
- Agite o colírio antes de pinga-lo no olho. O medicamente pode estar na forma de suspensão, e se não for agitado pode não fazer o efeito desejado.
- Siga corretamente a frequência de uso dos colírios prescritos pelo seu oftalmologista e evite a automedicação!




Se você usa colírios para glaucoma, então leia esse texto abaixo e saiba mais sobre essa doença
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/05/tratamento-do-glaucoma.html 


Você tem Olho Seco? Então saiba mais sobre esse assunto. Leia:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/06/tratamento-do-olho-seco.html 


Saiba quais colírios podem ser usados sem estragar suas lentes de contato:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/10/colirios-que-podemos-usar-nas-lentes-de.html 

Colirios que podemos usar nas lentes de contato

Colírios que podem ser usados sobre as lentes de contato

A maioria dos colírios, mesmo os colírios lubrificantes ou lágrimas artificiais, contém conservantes químicos que prejudicam ou agridem as lentes de contato, diminuindo o tempo de duração das lentes e as vezes, até impedindo que se use as lentes de contato novamente.
Quase todos os colírios que contém medicamentos (e não só lubrificantes) e não podem ser usados se você estiver com as lentes de contato no olho. Nesse caso, devemos tirar as lentes do olho, pingar os colírios e esperar entre 15 e 20 minutos antes de colocar novamente as lentes de contato.
Portanto, se você estiver usando qualquer colírio, lembre-se de perguntar ao seu médico se pode usar sobre as lentes de contato.

Os seguintes colírios lubrificantes não agridem as lentes de contatos e PODEM ser usados quando você estiver com as lentes no olho:

- Lacrifilm
- Systane
- Systane UD
- Fresh Tears
- Fresh Tears liquigel
- Refresh
- Genteal
- Ecofilm
- Plenigell
- Hyabak
- Trisorb
- Hylo Comod e Hylo Gel
- Renu gotas umidificantes

Colírios que podem ser usados sobre as lentes de contato


Colírios lubrificantes que NÃO devem ser usados sobre as lentes de contato

- Lácrima Plus
- Optive
- Lacribell
- Artelac
- Oftane
- Mirugell
- outros colírios como Claril, Claroft, Moura Brasil
- e todos os outros colírios que não tenham sido listados acima

Se você usa Lentes de Contato, não deixe de ler o artigo abaixo
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/lentes-de-contato-como-cuidar-limpeza.html

Se você tem Olho Seco, então leia o texto abaixo
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/05/olho-seco-o-que-e-causas-e-tratamento.html 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Retinose Pigmentar

O que é Retinose Pigmentar?

Retinose pigmentar é uma doença genética que afeta a retina e o nervo óptico causando uma importante baixa visual. Na retinose pigmentar ocorre uma alteração em algumas células da retina, chamadas de cones e bastonetes. Essas células são responsáveis por transformar a luz em impulsos nervosos que serão levados ao cérebro para a formação das imagens.
Na retinose pigmentar essas células vão sendo progressivamente lesadas e a visão vai piorando aos poucos. Inicialmente a visão a noite e a visão periférica é que são comprometidas.
Embora seja uma doença rara, estima-se que existam mais de 40 mil pessoas com retinose pigmentar no Brasil.

Comparação da retina nomal (esquerda) com a da retinose pigmentar (direita)
 O que causa a retinose pigmentar?

A retinose pigmentar é uma doença genética. Ou seja, o problema está nos genes, nas células do paciente. Como toda doença genética, a doença passa dos pais para os filhos. Porém algumas pessoas apresentam retinose pigmentar sem ter nenhum caso na família. Isso acontece porque pode ocorrer uma mutação genética na hora da formação das células, ainda na vida embrionária, ou também porque os pais tinham o gene da doença mas não manifestaram os sintomas. Já foram identificados mais de 40 genes causadores da retinose pigmentar.
Em resumo, para uma pessoa ter retinose pigmentar ou ela teve uma mutação genética ou herdou os genes da doença de um dos seus pais.
O padrão de herança genética é variado, podendo ser autossômica recessiva (maioria dos casos), autossômica dominante ou recessiva ligada ao cromossomo X.
Todo paciente com retinose pigmentar deve fazer um aconselhamento genético quando quiser ter filhos para saber as chances de transmitir a doença aos seus descendentes.

Quais são os sintomas da retinose pigmentar?

Os primeiros sintomas da retinose pigmentar são dificuldade para enxergar a noite ou em ambientes com pouca luz e diminuição da visão periférica. Frequentemente, esse pacientes relatam que esbarram em objetos, não vêem alguma pessoa que esteja na parte periférica da visão, principalmente a noite.
Com a evolução da doença, a visão central também piora e a dificuldade para enxergar passa a ocorrer também durante o dia.
A doença costuma se manifestar na infância e inicio da adolescência, evoluindo de forma lenta até a fase adulta. E sempre afeta os dois olhos.



 
Nessa sequência de fotos, você percebe a evolução da doença com o tempo
Como é feito o diagnóstico da retinose pigmentar ?

Através de um exame de fundo de olho, o oftalmologista é capaz de identificar alterações típicas da retinose pigmentar. A principal delas é a presença de pequenos pontos pretos na retina chamados “espículas ósseas”. Também são típicos o afinamento dos vasos da retina e a palidez do nervo óptico. (veja as imagens acima)
Exames mais específicos e que auxiliam o diagnóstico e avaliam a gravidade da doença são o eletrorretinograma (ERG multifocal) e o potencial visual evocado (PEV). Esses são exames complexos, chamados de eletrofisiologia ocular, mas que se bem feitos podem auxiliar bastante o oftalmologista.

Exame de eletrorretinografia
Outros exames que podem ajudar são o campo visual para documentar a progressão da doença e o OCT (tomografia de coerência óptica) que ajuda na detecção do edema macular, que ocorre em fases mais avançadas e compromete bastante a visão.

Eu posso transmitir a retinose pigmentar aos meus filhos?

Sim. Como é uma doença genética, ela pode passar de pai (ou mãe) para filho (ou filha). Como já dito antes, todo paciente com retinose pigmentar deve fazer um aconselhamento genético quando quiser ter filhos para saber as chances de transmitir a doença aos seus descendentes.

A retinose pigmentar só causa problemas nos olhos?

Sim. A retinose pigmentar propriamente dita só afeta os olhos. No entanto, algumas pessoas manifestam alterações também em outros órgãos (ouvidos por exemplo). São as chamadas síndromes. Doenças que afetam vários órgãos e também afetam os olhos na forma de retinose pigmentar. Podemos citar como exemplo Sindrome de Bardet-Bidl, Sindrome de Usher, Síndrome de Cockayne entre outras.
Todo paciente com retinose pigmentar deve fazer uma avaliação auditiva.

Tratamento da retinose pigmentar

Apesar de todos os estudos e pesquisas feitos sobre essa doença, ainda não existe um tratamento específico para a retinose pigmentar.
No entanto, o futuro é promissor. Novas pesquisas com terapia genética e uso de células tronco tem sido feitas e poderão interromper o processo de deteriorização das células da retina e até recuperar as células que já foram lesadas. Os resultados iniciais tem sido animadores mas nesse momento ainda não estão disponíveis para uso em pacientes (tanto no Brasil com em nenhum país do mundo).
Em fases muito avançadas alguns pesquisadores tem utilizado uma técnica de implante de um “chip eletrônico na retina”, uma espécie de olho biônico. Os resultados ainda são muito iniciais para dizer se funciona mesmo ou não, mas é mais uma esperança.
Saiba mais sobre o olho biônico para a retinose pigmentar clicando aqui


A suplementação alimentar com vitamina A (palmitato de retinol) em altas doses pode ajudar a retardar a progressão da doença, embora isso ainda não seja um consenso entre os pesquisadores e estudiosos do assunto. No entanto, não tome esses remédios por conta própria. Sempre procure a orientação de um médico. A vitamina A em altas dosagens pode causar problemas.
Se você não tem retinose pigmentar, não tome vitamina A para previnir a doença. Além de não fazer o efeito desejado e ser desnecessário poderá te trazer efeitos colaterais.
 O uso de suplementação de Omega 3 também tem tido resultados controversos. Alguns estudos mostraram benefício mas outros mostratram não ter nenhuma alteração na evolução da doença. O mesmo vale para a vitamina C (ácido ascórbico).

Alguns pesquisadores sugeriram que alguns medicamentos devem ser evitados em pacientes com retinose pigmentar porque podem acelerar a progressão da doença. São elas: Isotretiniona (Roacutan), que é um medicamento usado para acne (espinha); Viagra e similares, usado para disfunção erétil.

Os pacientes com retinose pigmentar podem apresentar edema de mácula e nesses casos, o uso de medicamentos específicos para o edema macular (avastin e lucentis) podem ajudar a melhorar a visão, mesmo que parcialmente.
Na retinose pigmentar também é comum o aparecimento de catarata ocorre de forma precoce e a cirurgia pode ser necessária.
Em casos extremos, aonde a visão atingiu níveis subnormais o uso de óculos especiais, lupas, lentes de aumento etc... podem pelo menos restaurar parte da visão permitindo que a pessoa leia determinados textos ou assista televisão. São os chamados auxílios de visão subnormal.

Cura da retinose pigmentar

A cura para a retinose pigmentar ainda está longe. Mas está cada vez mais perto e passa pelas pesquisas de terapia genética e células tronco. Alguns desses experimentos já foram realizados até aqui no Brasil mas ainda em número reduzido de casos e com pouco tempo de acompanhamento o que inviabiliza o uso desses tratamentos de forma rotineira.

Leia mais sobre o novo tratamento para alguns casos de cegueira. O olho biônico
http://www.medicodeolhos.com.br/2011/03/olho-bionico-e-retinose-pigmentar.html

Para saber mais sobre Catarata, leia esse texto:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/catarata-diagnostico-e-cirurgia.html
Para saber mais sobre degeneração macular e seu tratamento, leia esse texto:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/07/degeneracao-macular-dmri.html