sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Artrite reumatóide e o Olho

A artrite reumatóide é uma doença autoimune, que afeta o colágeno. Como o colágeno é uma estrutura presente em vários órgãos do corpo, ela pode afetar diferentes órgãos, inclusive o olho. Nesse texto falaremos só sobre as alterações oculares da artrite reumatóide. (Para saber mais sobre as outras alterações da artrite reumatóide, clique aqui e leia esse texto).

As alterações que a artrite reumatóide (AR) pode causar no olho são:

1 – Olho seco ou ceratoconjuntivite sicca (síndrome de sjogren secundária)

Essa é a manifestação mais comum da AR no olho, afetando entre 15 e 25% de todos os pacientes com AR. Quanto mais tempo a pessoa apresenta sintomas da AR, mais fácil apresentar olho seco.
Os sintomas são de queimação, ardência, ressecamento, sensação de corpo estranho no olho, vermelhidão, lacrimejamento excessivo etc. Os sintomas costumam piorar ao longo do dia e especialmente em situações como uso de computador, ambientes com ar condicionado, vento etc.
Alguns exames simples são importantes: Teste da rosa bengala ou lisamina verde e o teste de schirmmer ajudam a fazer o diagnóstico do olho seco.
O tratamento deve ser feito com colírios lubrificantes, às vezes também com imunossupressores tópicos (colírios) de corticóides ou ciclosporina (restasis). (Clique aqui e leia esse texto sobre o tratamento do olho seco para saber mais sobre esse assunto).
Lisamina verde e olho seco
O paciente com AR e olho seco, geralmente também apresenta ressecamento da mucosa oral (dificuldade para engolir, boca seca...) caracterizando a síndrome de sjogren

2 – Episclerite

Episclerite é a inflamação da episclera, que é um tecido fino que reveste a parte branca do olho (chamada esclera). Se manifesta como uma vermelhidão localizada ou difusa do olho. Geralmente não causa dor ou sintomas importantes e melhoram sozinho em algumas semanas. Às vezes podemos usar antiinflamatórios. Pode ser confundida com a esclerite (ver abaixo)


3 – Esclerite

A esclerite é a inflamação da esclera, a parte branca do olho. Ao contrário da episclerite, na esclerite a dor é importante, a vermelhidão é mais intensa e às vezes também há baixa de visão. Um sintoma mais típico é a dor quando movimenta os olhos. A esclerite pode atingir toda (eslcerite difusa) ou apenas uma parte da esclera (esclerite localizada) e pode ser grave a ponto de levar a perda permanente da visão.
O tratamento deve ser imediato, com colírios e comprimidos imunossupressores (corticóides, ciclosporina, metrotexato por exemplo). Uma forma mais grave (e felizmente mais rara) da esclerite é a chamada esclerite necrozante em que o risco de complicações é enorme.
A ocorrência de esclerite em um paciente com AR é sinal de que a doença não está bem controlada e precisa de uma mudança no tratamento sistêmico.




4 – Ceratite ulcerativa

A ceratite é a inflamação da córnea. Na AR ela pode ser leve, decorrente do ressecamento ocular ou uma forma chamada ceratite ulcerativa periférica em que há afinamento da periferia da córnea, levando a distorção da visão e as vezes até a perfuração da córnea e perda do globo ocular. Nas formas mais graves, ocorre junto com esclerite, acometendo a córnea na sua parte mais próxima a esclera e depois seguindo para o centro. Nessa forma pode ocorrer perfuração da córnea, o que é uma urgência médica, precisando de cirurgia imediata. Esse último caso mais grave, geralmente vem acompanhado de uma vasculite sistêmica importante e precisa de tratamento com imunossupressor (corticóide por exemplo) por via oral.

5 – Vasculite retiniana

A vasculite é uma inflamação dos vasos sanguíneos da retina, a parte mais interna do olho. É uma manifestação mais rara. A inflamação ocular é intensa e precisa de tratamento intensivo.

Efeitos colaterais dos medicamentos usados no tratamento da Artirte Reumatóide

Além das alterações que a AR causa diretamente no olho, os remédios usados para tratar essa doença sistêmicamente (comprimidos ou injeções) podem causar alterações oculares.
Os corticóides (prednisona, metilprednisona) por exemplo pode levar a glaucoma e catarata.
A cloroquina e a hidroxicloroquina podem afetar a retina (de forma mais grave e definitva) e a córnea (de forma mais leve). Os pacientes que usam esses medicamentos de forma crônica, devem fazer exames oftalmológicos (fundo de olho, campo visual e teste de cores) com freqüência. A hidroxicloroquina (plaquinol) é menos tóxica ao olho do que a cloroquina.

Se você tem artrite reumatóide não deixe de visitar seu oftalmologista com regularidade. Algumas manifestações são graves e indicam que o tratamento da doença não está adequado. O reumatologista precisa trabalhar junto com o oftalmologista para evitar riscos a visão.

Esse texto também foi publicado no endereço http://artritereumatoide.blogspot.com/2010/11/artrite-reumatoide-e-o-olho.htm. Esse site é feito pela Priscila Torres, de São Paulo, e que portadora de Artrite Reumatóide conta sua história no blog e ajuda milhares de outras pessoas com problemas semelhantes. Se você é portador de artrite reumatóide não deixe de visitar esse blog http://artritereumatoide.blogspot.com


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