segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Complicações da Cirurgia de Catarata

A Cirurgia de Catarata é uma das cirurgias mais realizada em todo o mundo. Diversos estudos internacionais envolvendo grande número de países e de paciente mostraram uma taxa de sucesso da cirurgia superior a 95%.
Embora seja uma cirurgia muito segura, com resultados muito satisfatórios, a operação de catarata está sujeita a complicações como qualquer outra cirurgia:
As principais e mais comuns complicações da cirurgia de catarata que podemos listar são:

- Olho roxo: É relativamente comum o paciente apresentar um pequena mancha vermelha ou roxa (equimose) na pálpebra inferior logo após a cirurgia de catarata. Isso ocorre devido a injeção da anestesia que é feita antes da cirurgia. Embora seja feio e assuste o paciente, isso em anda atrapalha a cirurgia. Com alguns dias, essa "mancha" some.


- A pressão ocular pode aumentar depois da cirurgia de catarata. Isso é em geral transitório e facilmente controlado com colírios.

- Edema de córnea: Se a córnea do paciente já for uma córnea doente e/ou a cirurgia for muito traumática (como ocorre quando a catarata é muito grande) a córnea fica "inchada". Esse inchaçõ da córnea deixa a visão turva, como se estivesse olhando através de um vidro molhado ou um vidro fosco. Isso pode resolver em alguns dias mas em casos extremos pode-se precisar colocar uma córnea nova através de um transplante de córnea.

Edema de córnea
- Moscas Volantes: Moscas volantes são pequenos pontos pretos que ficam "flutuando" em frente da visão, parecendo insetos ou teias de aranha e que, geralmente, não representam risco nenhum à visão. Para ler mais sobre o assunto, leia o texto a seguir: http://www.medicodeolhos.com.br/2010/11/moscas-volantes-e-descolamento-do.html


- Descolamento de Retina: É uma complicação grave mas felizmente muito rara. Ocorre mais em pacientes com alto grau de miopia e em cirurgias complicadas. Um bom exame de fundo de olho antes da cirurgia pode identificar algumas lesões de retina que são de risco para descolamento de retina. Leia mais sobre descolamento de retina, clicando aqui

- Opacidade de cápsula posterior: Essa é uma complicação mais simples. A visão fica turva, mas com um tipo de tratamento a laser (capsulotomia com Yag-laser) limpa-se essa cápsula e a visão fica clara novamente.

- Endoftalmite: É a complicação mais temida de qualquer cirurgia ocular. É uma infecção grave e rápida que envolve todas as estruturas do olho. O uso de antibióticos na forma de colírios e injeções é fundamental. Em alguns casos é necessário operar o paciente novamente. Uma cirurgia chamada vitrectomia.

infecção apos cirurgia de catarata

 
Para entender o que é Catarata e como tratá-la leia:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/catarata-diagnostico-e-cirurgia.html
 
Saiba mais sobre a cirurgia de catarata:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/08/cirurgia-de-catarata.html
 
Saiba mais sobre os tipo de lentes intraoculares usadas na operação de catarata:

http://www.medicodeolhos.com.br/2010/05/catarata-lente-intraocular-multfiocal.html

Cirurgia de Catarata

O que é?

A Cirurgia de Catarata é o tratamento para a principal causa de cegueira reversível do mundo. A catarata é a opacificação do cristalino, uma lente natural do nosso olho. Com a opacificação desse criatalino a visão fica turva. A esse processo chamamos catarata, cujo único tratamento é cirurgia.

Visão de uma pessoa normalVisão de uma pessoa com catarata

Quando devo operar a Catarata?


Essa é uma decisão muito subjetiva. Em princípio, a pessoa deve fazer a operação de catarata quando ela estiver prejudicando sua visão. No entanto, como a catarata evolue de forma lenta, a pessoa não percebe que a visão está tão turva e só quando vai ao médico é que ele comprova a baixa da visão.
Em algumas situações específicas a catarata pode aumentar a pressão ocular (glaucoma) e isso é uma indicação de operar a catarata.
Deve-se levar em consideração também o fato de que quando mais demorar para fazer a cirurgia, maior e mais "dura" será a catarata e assim a cirurgia será mais difícil e com maior risco de complicações.

A catarata precisa "amadurecer" para operar?


Não. A catarata não precisa ficar "madura" para ser operada. Isso era coisa de muitos anos atrás, quando a cirurgia de catarata não tinha um bom resultado. Hoje, com a moderna técnica de facoemulsificação da cirurgia de catarata os resultados são excelentes.
Pelo contrário, quando mais adiarmos a cirurgia, maior será a catarata, maior será a dificuldade da cirurgia e mais risco de complicações o paciente estará correndo.

Tenho catarata e vou operar. O que preciso fazer?


Tudo que você precisa fazer para operar catarata é procurar um bo médico oftalmologista. Ele estará apto a pedir os exames necessários e fazer a cirurgia. Caso ele não esteja apto tecnicamente a operá-lo, te encaminhará a algum médico cirurgião de referência.
No Brasil, temos os equipamentos mais modernos do mundo para fazer essa cirurgia. Muitos dos cirurgiões brasileiros são referências internacionais nesse tipo de procedimento. Não devemos nada a nenhum país do mundo. Caso você não tenha convênio e se trate no SUS, saiba que também é possível realizar a cirurgia mais moderna da catarata pelo serviço público de saúde.

Pré operatório da Cirurgia de Catarata


Embora seja uma cirurgia que não exige internação e feita sob anestesia local (não precisa de anestesia geral) é prudente realizar um risco cirúrgico. Exames de sangue, eletrocardiograma, radiografia de tórax e uma avaliação cardiológica são suficientes para a maioria das pessoas candidatas a cirurgia.

Quais medicamentos eu preciso parar de tomar antes da cirurgia de catarata?


Essa resposta só poderá ser dada pelo seu médico cardiologista (ou quem fizer o risco cirúrgico) e pelo oftalmologista que irá operar. Em geral, medicamentos como aspirina (AAS, melhoral, doril entre outros), ginko biloba e outros medicamentos usados para "afinar o sangue" (plavix, clopidogrel, ticlid) devem ser suspenso entre 7 a 10 dias antes da cirurgia. ATENÇÃO: Não suspenda esses medicamentos sem a orientação do seu médico!
Comunique ao seu médico oftalmologista toda e qualquer medicação que você estiver tomando, mesmo que pareça não ter relação com os olhos.

Exames para a operação de catarata


Seu oftalmologista pedirá a realização de diversos exames antes de realizar a cirurgia de catarata.

  • Tonometria: é o exame para avaliar a pressão ocular.
  • Fundoscopia ou fundo de olho: Esse exame verifica se há alguma doença de retina que possa estar contribuindo para a baixa da visão. Ou seja, se há alguma outra doença além da catarata que atrapalha a sua visão
  • Ecografia: Um exame de ultrassom ocular pode ser necessário em muitos casos
  • Ecometria: Esse exame calcula o grau da lente intraocular (LIO) que será implantada no olho após a remoção da catarata. Esse exame é muito importante, pois se o grau da lente for calculado errado, depois da cirurgia a pessoa precisará usar um óculos de grau elevado. Hoje em dia, um exame chamado ecometria IOL-Master fornece uma medida muito precisa
  • Topografia de córnea: Fornece dados que auxiliarão o exame de ecometria a calcular o grau da lente
  • Microscopia Especular: Avalia a quantidade de células da córnea. Ou seja, verifica se sua córnea está  saudável e se a cirurgia de catarata poderá causar uma lesão na córnea
  • Acuidade Visual Potencial (PAM): Fornece uma estimativa de quanto a visão da pessoa irá melhorar após a cirurgia

Pode ser que seu médico não peça todos esses exames ou peça algum outro que eu não listei, mas em geral, esses são os exames feitos na maioria dos casos de cirurgia de catarata.

A cirurgia é feita nos 2 olhos ao mesmo tempo? Qual o intervalo entre uma cirurgia e outra?


Geralmente não operamos os dois olhos no mesmo dia. Por uma questão de segurança, operamos os 2 olhos em dias separados. O intervalo entre as cirurgias vai depender da recuperação da primeira cirurgia e da vontade do paciente em resolver logo os dois olhos. Pode variar de 1 semana até 6 meses, dependendo também do grau da catarata.

Anestesia para cirurgia de catarata


No dia da cirurgia, você receberá um medicamento para te deixar mais calmo, mais relaxado. A anestesia poderá ser feita com uma injeção perto do olho (anestesia local ou periocular). Essa injeção não dói. Alguns médicos optam por fazer a anestesia só com colírios (anestesia tópica). Cada uma tem as suas vantagens e desvantagens e seu médico optará pela que for mais conveniente no seu caso.

O que fazer no dia da cirurgia?


Você será orientado a ficar algumas horas de jejum antes da cirurgia. Não use maquiagem e nem brincos ou colares. Tome banho e lave os cabelos. No dia da cirurgia, você usará todos os medicamentos (comprimidos ou colírios) normalmente, exceto os remédios que o seu médico tiver te orientado a suspender (ver tópico acima). Caso esteje com febre, tosse, alergia ou algum outro problema de saúde avise a equipe médica e de enfermagem antes de começar a cirurgia. Se for alérgica a iodo, avise assim que chegar no centro cirúrgico

Como é a cirurgia de catarata?


Será inicialmete feita uma assepsia (higiene) da pele ao redor dos seus olhos. Será colocado um pano sobre o seu rosto em que apenas o seu olho ficará exposto. O cirurgião então comecará a cirurgia fazendo uma abertura de 2 a 3 mm na sua córnea. Através desse pequena abertura ele colocará os instrumentos para fazer a cirurgia. Após abrir a cápsula que envolve o cristalino, ele colocará uma espécie de "caneta" que "quebra a catarata" em pequenos pedaços e depois retira do olho. Essa caneta usa um sistem de ondas tipo um ultrassom para "triturar" a catarata (facoemulsificação).


Primeiro procedimento da cirurgia da catarata

Após ter removido todos os pedaços da catarata, o cirurgião vai implantar a lente. A lente intraocular entra pela mesma abertura da córnea feita no começo da cirurgia. Por seu uma abertura pequena, a lente entra dobrada e se desdobra dentro do olho (veja as ilustrações abaixo). Pronto a cirurgia terminou! Só falta o médico avaliar se irá precisar dar um ponto para fechar a abertura da córnea ou se vai deixar ela fechar sozinha. Após algum tempo na sala de repouso pós operatório você está apto a voltar para casa.

Cirurgia da catarataCatarata

Cirurgia ocularCirurgia nos olhos

Catarata

O paciente vai para casa com um curativo no olho que será retirado algumas horas depois ou só no dia seguinte. Alguns médicos não fazem curativo. 

Como é o pós operatório da cirurgia de catarata?


No pós operatório, o paciente vai precisar seguir a receita dada pelo médico e usar alguns colírios por um período aproximado de um mês. Em geral, o cirurgião irá reavalia-lo 2 ou 3 vezes nesse período.
O paciente NÃO deve fazer no pós operatório:
- Realizar esforço físico exagerado e levantar peso
- Esfregar ou coçar os olhos
- Dormir sobre o olho operado nos primeiros dias
- Usar colírios abertos há muito tempo ou fora da validade
- Entrar no mar ou na piscina (e na sauna) nos primeiros dias
- Faltar as consultas de revisão e esquecer de pingar os colírios recomendados

O paciente PODE fazer no pós operatório
- Lavar o rosto, lavar a cabeça e tomar banho
- Comer o que quiser. Não há dieta específica para esse tipo de cirurgia
- Ler livros, assistir TV
- Escrever
- Usar os óculos antigos temporariamente, enquanto não recebe a receita nova

Vou pingar colírios depois da cirurgia de catarata?Sim, seu médico te passará alguns colírios para evitar infecções e inflamações no pós operatório. Em geral, você usará colírios por aproximadamente 30 dia depois da cirurgia. Para saber o modo correto de pingar os colírios e obter o efeito desejado dos medicamentos, leia esse texto

Veja: Como pingar colírios de forma correta

Óculos depois da cirurgia de catarata


Os graus de óculos mudam depois da cirurgia de catarata. Por isso, seus óculos antigos não servirão mais.
Os óculos novos só poderão ser passados após a recuperação total da cirurgia o que ocorre em média após 1 mês de operado. Nesse período, você pode usar o óculos antigo como um "quebra-galho", apenas para facilitar ver alguma coisa de perto. Isso não atrapalha a cirurgia.

Mas nem todos os pacientes precisarão usar óculos depois da cirurgia. A lente intraocular que é implantada na cirurgia já vem calculada com o grau da pessoa. Esse cálculo foi feito pelo exame de ecometria (ver tópico acima).
Como regra, coloca-se a lente calculada para eliminar o uso do óculos de longe. Para perto, será necessário o uso de um óculos de leitura. A não ser que a pessoa tenha colocado uma lente intraocular multifocal (veja esse tópico sobre esse novo tipo de lente).
As pessoas que tem astigmastismo, deverão colocar um tipo de lente especial chamada lente intraocular tórica.

Obs: Esqueça se antes da cirurgia você enxergava bem de perto sem óculos, se usava óculos só para longe, se usava óculos o tempo todo... isso tudo muda depois da cirurgia! O que passa a valer a partir da cirurgia é o que foi explicado acima.

O CID 10 (código internacional de doenças) da Catarata é H25.1
Se você vai operar catarata, leia esse texto: Complicações da Cirurgia de Catarata



Quer saber mais sobre catarata? Porque ela aparece e quais os sintomas? Então leia: Catarata: Diagnóstico e Cirurgia



Quer saber sobre como escolher a lente intraocular? Leia o artigo: Catarata: Lente intraocular multifocal



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Botox - Uso na Oftalmologia

O BOTOX (toxina botulínica A) é um medicamento usado de forma injetável (injeção) para tratamentos estéticos, corrigindo rugas de expressão, melhorando a expressão facial, corrigindo a queda da pálpebras etc...



No entanto, o Botox também é usado na oftalmologia para correção de diversas doenças, como blefarosespasmo essencial, espasmo hemifacial, distonias e para corrigir alguns casos de estrabismo.
Botox na verdade é o nome comercial mais conhecido da toxina botulínica mas existem outras formas disponíveis como o  Dysport, da Suécia e o Prosigne, da China.

Como o Botox age?

O Botox é uma neurotoxina produzida por um grupo de bactérias (Clostridium botulinum) e que afeta ou paralisa a função dos músculos aonde eles são injetados. A sua ação é temporária, durando em média de 4 a 6 meses.

Botox e Blefaroespasmo

Blefarosespasmo: Antes e depois da injeção do Botox
Blefaroespasmo é uma desordem neuromuscular em que há contração involuntária dos músculos ao redor do olho (músculos orbiculares). Com isso, a pessoa tem contrações intensas nessa região, "piscando" muito e de forma involuntária, o olho. A pessoa pode referir sensação de ressecamento, dor ocular ou dor de cabeça. Em casos mais intensos a pessoa chega a ser considerada com "cegueira funcional" porque fica mais tempo com o olho fechado (contraido) do que aberto.
O Botox é aplicado diretamente nesses músculos, impedindo que eles se contraiam e devolvendo ao paciente uma vida normal.
Depois de 4 ou 6 meses, o efeito do Botox passa e é preciso fazer nova aplicação. A cada aplicação nova, o tempo de duração do Botox diminui.

botox no olho
Locais de aplicação da injeção do Botox ao redor do olho

Botox e Espasmo hemifacial

O espasmo facial é uma doença em que há contração de toda a musculatura de uma metade da face. A pessoa apresenta contrações involuntárias da musculatura periocular (olho) e perioral (ao redor da boca).
O botox é feito de forma idêntica ao do blefaroespasmo facial.

Uso do Botox em casos de Estrabismo


Estrabismo é o grupo de doenças em que os olhos não ficam paralelos, ou seja, cada olho olha em uma direção diferente. São aqueles casos popularmente conhecidos como "vesgos". O estrabismo ocorre porque os músculos que mexem os olhos para um lado e para o outro e para cima e para baixo, não tem a mesma força. Com isso o olho fica desviado para um dos lados. Existem diversos tipos de estrabismo e em alguns deles é possível usar o botox para corrigir a posição dos olhos. O botox é feito no músculo que está mais forte e dessa forma consegue-se o equilíbrio de força entre os músculos e os olhos voltam a ficar paralelos.

Complicações do uso do Botox

Em casos de aplicação na região perto das pálpebras, seja por motivos estéticos (diminuir rugas ou linhas de expressão por exemplo) ou para correção de espasmos faciais, dois tipos de complicações podem ocorrer:
- A pálpebra cai e o olho fica "meio fechado" (Ptose): Se o músculo que mantém a pálpebra aberta for atingido pelo medicamento, a pálpebra fica caida e além de ficar esteticamente ruim, o campo de visão também fica prejudicado. Isso é o que chamamos de ptose.
- Exposição exagerada do olho: Quando se faz muito botox com o objetivo de diminuir as linhas de expressão, o olho pode perder a capacidade de piscar completamente, ficando parcialmente aberto. Isso resseca a córnea, causando uma sensação de ressecamento e até causar comprometimento da acuidade visual.

Para saber mais sobre o uso do Botox na medicina, leia: BOTOX | Aplicações terapêuticas e cosméticas

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Diabetes e o Olho: Retinopatia Diabética


Retinopatia Diabética é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo e com o envelhecimento da população e o aumento do número de diabéticos, se tornará ainda mais um problema de sáude pública. 
A retinopatia diabética logicamente é causada pela diabetes principalmente em pacientes que tem essa doença há muitos anos e que não controlam a sua glicose de forma correta.
Retinopatia Diabética
A Diabetes é a doença em que ocorre excesso de açúcar (glicose) no sangue. Existem dois tipos de diabetes: A diabetes tipo 1, mais rara e que ocorre em pacientes jovens e precisa de insulina e a tipo 2, mais comum, que ocorre mais comumente em pacientes obesos e com histórico na família e que deve ser tratado com hipoglicêmicos ou insulina.
Nesse blog, trataremos somente das complicações que a diabetes causa nos olho e principalmente de uma das principais complicações da diabetes: A Retinopatia Diabética.

O que é Retinopatia Diabética ?
A diabetes não controlada leva a longo prazo, a lesões nas células dos vasos da retina (endotélio vascular). Os vasos sanguíneos ficam enfraquecidos e permitem que ocorram pequenos sangramentos que, a longo prazo, causarão diversas alterações estruturais na retina, ocasionando redução parcial ou total da visão. A essas alterações chamamos retinopatia diabética.

Como evolue a retinopatia diabética?
No começo, surgem os chamados microaneurismas. Depois aparecem pequenas hemorragias, que vão aumentando em tamanho e em números. No final aparecem vasos sanguíneos anômalos, os chamados neovasos de retina. Esses vasos, são mais fragéis e podem causar grandes sangramentos, com importante reduçaõ da visão.

Retinopatia Diabética

Fatores de risco para a retinopatia Diabética:
1- Tempo de doença: Quanto mais tempo de diabetes maior o risco de ter alterações oculares. Depois de 10 anos de diabetes, a incidência é de 50%, depois de 30 anos, é de 90%.
2- Controle da glicose: Manter a glicose controlada, dentro  dos nivéis normais, é fundamental para retardar ou evitar o aparecimento da retinopatia diabética
3- Outros fatores como hipertensão arterial, colesterol e triglicerídeos elevados e tabagismo também aumentam a chance de pacientes diabéticos desenvolverem retinopatia diabética

Quais as formas de retinopatia diabética ?
São basicamente duas: A retinopatia diabética não proliferativa e a proliferativa. A diferença entre elas é a presença de neovasos na retina, o que piora muito o prognóstico da doença.

Retinopatia Diabética Não Proliferativa
Retinopatia Diabética Grave Proliferativa
Como é feito o diagnóstico da retinopatia diabética?
O diagnóstico é feito através do exame de fundo de olho (mapeamento de retina). Quando o oftalmologista percebe alguma alteração, ele solicita um exame chamado angiografia fluoresceínica. Nesse exame, é injetado um contraste na veia e quando esse contraste passa nas veias dos olhos, o médico tira uma série de fotos e identifica as lesões dos vasos da retina.

Prevenção da Retinopatia Diabética
O mais importante é fazer o controle rigoroso da glicose e visitar regularmente o oftalmologista. Todo paciente diabético deve realizar o exame de fundo de olho pelo menos uma vez por ano.

Tratamento da Retinopatia Diabética
Nas fases iniciais, quando já há algum tipo de sangramento, o tratamento indicado é com laser (fotocoagulação a laser). Esse tipo de laser, "sela" os vasos sanguíneos, impedindo que ocorra mais sangramentos.

Marcas do Laser
Quando a doença já atingiu a mácula, que é a região central da retina, causando uma alteração chamada edema macular e que abaixa bastante a visão, podemos fazer injeção de medicamentos dentro do olho. As injeções de Avastin e de Lucentis dentro do olho (intravítreas) podem melhorar bastante a visão dos pacientes com edema macular diabético.
Nas fases mais avançadas em que já ocorreu muita proliferação vascular, até com sangramentos extensos (hemovítreo)  ou descolamento de retina associado o tratamento é cirurgico. A vitrectomia é a cirurgia de retina que pode melhorar ou ao menos impedir a piora da visão nos casos mais avançados de retinopatia diabética.

Retinopatia Diabética com hemorragia vítrea
Vitrectomia

A retinopatia diabética é a única alteração que a diabetes causa no olho?
Não. A retinopatia diabética é a principal alteração que a diabetes causa nos olhos mas o paciente diabético também tem maior risco de desenvolver catarata.
Além disso, quando a glicose aumenta muito e de forma rápida pode ter mudanças bruscas e transitórias no grau do óculos. Por isso, não é bom fazer o exame de grau quando a glicose está acima de 140.

Quer saber mais sobre Degeneração Macular relacionada a idade (DMRI)?
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/07/degeneracao-macular-dmri.html

Quer saber mais sobre Diabetes, seus tipos e seu tratamento?
Então leia o blog MDSAUDE.COM
http://www.mdsaude.com/2008/10/diabetes.html

Ou então leia o texto do Wikipedia sobre a Diabetes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diabetes

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como escolher seus Óculos de Sol ou Óculos Escuros

Óculos escuro de grau
Óculos escuros. Óculos de Sol
Por quê usar Óculos Escuros ?


Os raios ultravioletas vindos do sol penetram nos nossos olhos e podem causar diversas doenças oculares, inclusive levando à cegueira. Existem 3 tipos de raios ultravioleta: UV-A UV-B e UV-C. Só os dois primeiros são importantes porque o UV-C é filtrado pela atmosfera e não atinge a Terra em doses significativas.
Principalmente em paises tropicais como o Brasil a incidência de radiação solar é muito elevada, especialmente no período entre 10 e 14 horas. Em cidades de grande altitude ou cidades litoranêas a incidência também é mais alta.

Raios UV em óculos escuros

Assim como a exposição excessiva à radiação ultravioleta pode causar danos à pele como, por exemplo, queimaduras, envelhecimento precoce e, até mesmo, câncer, a ação lenta e prolongada do sol também pode provocar sérias lesões oculares. As pessoas até se lembram de passar filtros solares e proteger a pele dos raios UV mas geralmente esquecem de proteger seus olhos com óculos escuros.


Como o sol pode afetar meus olhos?

Muitas pessoas acham que porque não sentem incomodo com o sol não precisam usar óculos escuros. Isso é uma grande equívoco. A proteção deve ser feita sempre e não só em dias de sol aberto ou na praia.
A exposição dos olhos a grande quantidade de radiação UV de forma aguda pode causar Ceratite, que é uma espécie de "queimadura" da córnea. Essa ceratite é reversível embora possa causar muito incômodo. Também pode causar uma lesão na retina chamada maculopatia solar, que é muito rara mas também muito grave e permanente. Por isso, nao devemos olhar diretamente para o sol.

A longo prazo, a radiação UV pode causar problemas como:
catarata
- pterígio (uma "pelezinha" avermelhada que nasce no canto do olho
degeneração macular 

Os efeitos da radiação UV são cumulativos. Quanto mais seus olhos se expõem aos raios UV, maiores serão os riscos com o passar dos anos.

Em resumo:
Problemas causados pelos raios solares (radiação UV) :
De forma aguda: ceratite, maculopatia solar
De forma crônica (ao longo dos anos): pterígeo, catarata, degeneração macular

Olho com Pterígio
Pterígio

Todo óculos de sol é igual?

Não. Os óculos de sol precisam filtrar adequadamente os raios ultravioleta A e B (UV-A e UV-B). E muitos deles não o fazem. Estima-se que no Brasil mais de 50% do óculos comercializados, são óculos escuros falsificados. Ao comprar seus óculos escuros, exija o selo de garantia e questione o vendedor sobre o nível de proteção UV. O ideal é que este seja perto de 400nm. (UV400)
Para proteção adequada, seus óculos devem:
• Bloquear 99 a 100% das radiações UV-A e UV-B
 • Não distorcer imagens ou mudar as cores


Usar óculos de sol falsificado ou de qualidade ruim faz mal?

Sim, óculos escuros falsificados podem prejudicar seus olhos. É melhor não usar óculos nenhum do que usar óculos falsificado ou de baixa qualidade! Isso porque nossos olhos tem mecanismos naturais de proteção da luz, como diminuir o tamanho da pupila, franzir os olhos etc... Quando usamos um óculos escuros, o olho não vai fazer esses mecanismos de proteção e se o óculos não filtra a luz adequadamente, o risco de lesões é grande.
Lembre-se: Não é porque o óculos é escuro que ele protege do sol! Se não tiver filtro UV ele pode ser o mais preto possível que não vai adiantar nada.


Óculos de Sol pode ter grau?

Sim. Se você usa óculos de grau, você pode fazer 3 opções: Uma é simplesmente mandar fazer um óculos de sol com grau. Nesse caso, não escolha um óculos muito esportivo ou com lentes muito fechadas para não causar distorçôes. A outra opção é usar lentes "clip-on" que são aqueles lentes escuras que coloca-se sobre os óculos quando está sol e retira-se depois. A terceira opção é mandar fazer lentes fotocromáticas.
Óculos escuros
 Crianças precisam usar óculos escuros?

Sim. As crianças são quem mais devem se proteger do sol e usar proteção UV. Crianças tem olhos sensíveis a luz e ficam muito tempo brincando na rua, expostas ao sol. Cientistas estimam que 80% da carga de radiação solar recebida por nós ocorre antes dos 18 anos de idade. É importante que as crianças e adolescentes usem óculos que não quebrem facilmente (policarbonato), que tenham aquelas cordinhas para não cair (em crianças pequenas) e que sejam boas, sem causar distorção de imagem.

Bebê com óculos escuros


Óculos de sol polarizados. Óculos escuros polarizados


Alguns óculos escuros novos tem a chamada lente polarizada. Com essa tecnologia, a lente do óculos escuros polarizado, filtra alguns reflexos da luz especialmente em algumas situações como a luz do sol incidindo sobre a superfície dos carros, sobre a superfície da água (mar p.ex.) etc. Isso torna as imagens mais nítidas. Esses óculos de sol polarizados são especialmente utéis para dirigir (principalmente nas primeiras horas do dia e no pôr do sol), para pescadores, para esportistas

Oculos escuros polarizado



Quer saber como escolher a armação de óculos certa para o seu rosto? Então leia:
Como escolher seus óculos

Quer saber mais sobre Catarata? Então leia esse texto
Catarata: diagnóstico e cirurgia

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Toxoplasmose Ocular


A Toxoplasmose Ocular é uma doença causada por um parasita chamado Toxoplasma gondii. A toxoplasmose pode causar diversas alterações no nosso organismo. Nesse texto, falaremos apenas das lesões oculares causadas pela toxoplasmose, a Toxoplasmose Ocular.

Como se pega Toxoplasmose Ocular?

O toxoplasma Gondii que é o germe causador da toxoplasmose pode ser contraído de 2 formas:
  • Através da ingestão de alimentos contaminados, como verduras, legumes, água, carne de porco mal cozida etc...
  • Através da passagem do parasita pela placenta. Ou seja, uma gestante contaminada pela toxoplasmose pode transmitir a doença para o ser filho durante a gravidez.

Acredita-se que a maioria das lesões oculares causadas pela toxoplasmose seja decorrente de casos de transmissão intraútero.
Vale ressaltar, que nem todos os pacientes que contraem o toxoplasma vão ter lesões no olho. Alguns vão ter apenas lesões em outros órgãos ou sintomas parecidos com uma gripe comum. Não sabemos porque algumas pessoas vão apresentar lesões oculares e outros não.

O que a Toxoplasmose causa no Olho?

A toxoplasmose ocular pode causar lesões na parte anterior do olho, chamada uveite anterior. Essa forma é leve e geralmente não deixa grandes seqüelas se tratada corretamente.
A forma mais grave da toxoplasmose ocular são as lesões da retina e da coróide. Essa forma é chamada de coriorretinite ou uveite posterior.
A retina é a estrutura do olho que capta as imagens e leva para o cérebro através do nervo óptico. A toxoplasmose ocular causa uma lesão na retina causando uma cicatriz. No local dessa cicatriz a retina não funciona mais. Logo, podemos concluir que se a cicatriz for grande e em uma parte importante da retina, a pessoa pode ter a visão bastante prejudicada. Entretanto, se a lesão for pequena e numa região mais periférica e menos importante da retina, a pessoa não vai apresentar nenhuma repercussão visual.
A região mais importante da retina é a mácula. A mácula é responsável pela visão central e infelizmente é uma região muito afetada pela toxoplasmose ocular

Lesão de toxoplamose em atividade

Lesão de toxoplamose cicatrizada

A Toxoplasmose pode afetar os dois olhos?

Sim. As lesões da toxoplasmose podem ocorrer nos dois olhos e cada olho pode ter uma ou várias lesões. As formas de toxoplasmose transmitidas durante a gestação são mais fáceis de acometer os dois olhos

Como evitar pegar a Toxoplasmose?

Primeiro evitar comer alimentos contaminados. Ou seja, evitar comer verduras mal lavadas e carne de porco mal cozidas em locais aonde não se pode confiar na higiene. Também é importante evitar contato com animais domésticos contaminados (gatos principalmente) e locais aonde esses animais freqüentam, como tanques de areia, parques públicos etc. As mulheres grávidas além de seguirem as recomendações acima com mais rigor, devem realizar um pré natal adequado, com exames de sangue no 1º e no 3º trimestre de gestação. Se estiverem contaminadas devem ser medicadas para impedir de transmitir a doença para os seus filhos

Quando a mãe pode passar toxoplasmose para o filho ?


Uma mãe pode passar toxoplasmose para o seu filho durante a gravidez. Quando uma grávida faz o exame de pré natal e vem com IgM e IgG negativos para toxoplasmose signfica que ela nunca teve contato com toxoplasmose antes. Se ela pegar toxoplasmose durante a gravidez (nesse caso o IgM passa a ser positivo) ela tem grande risco de passar a toxoplasmose para o seu filho (toxoplasmose congênita). Mas se o exame de sangue mostrar IgM negativo e apenas o IgG positivo, significa que ela já teve contato antes com o germe da toxoplasmose. Nesse caso, ela não corre risco de transmitir a doença para o filho.
Resumindo, o risco de transmissão existe quando a gestante se contamina com a toxoplasmose pela 1a vez na vida durante a gravidez.


Ficou na dúvida... quer entender melhor sobre a toxoplasmose na gravidez...então leia o texto abaixo
http://www.mdsaude.com/2010/08/toxoplasmose-gravidez-toxoplasmose.html

Toxoplasmose ocular: Sintomas

O sintoma mais importante da toxoplasmose é a diminuição da visão. Ela pode ser muito ou pouco importante dependendo do tamanho e da localização da lesão (vide explicação acima). Além disso, pode ocorrer vermelhidão ocular, visão de pontos pretos flutuando na frente dos olhos, dor ocular e fotofobia.

Como é feito o diagnóstico da Toxoplasmose Ocular?

A toxoplasmose ocular é diagnosticada pelo exame de fundo de olho. Através de lentes especiais o oftalmologista é capaz de observar diretamente a retina e visualizar se há lesões compatíveis com a toxoplasmose. Ao lado disso, exames de sangue (sorologia IgM e IgG para toxoplasmose) ajudam a confirmar ou não o diagnóstico.

Toxoplasmose ocular: Tratamento

O tratamento da toxoplasmose no olho é feito com colírios antiinflamatórios a base de corticóide e colírios chamados cicloplégicos (dilatam a pupila) para amenizar a dor. Mas o mais importante desse tratamento é o uso de antibióticos por via oral (comprimidos).
O tratamento clássico é feito com 3 medicamentos associados: Sulfametoxazol, pirimetamina e ácido folínico.
O ácido folínico é usado para evitar um dos efeitos colaterais da Pirimetamina, que é a supressão da atividade da medula óssea (pode causar dimuição das células do sangue). O ácido folínico as vezes é difícil de achar em farmácias comuns e pode ser preciso mandar fazer em farmácias de manipulação. Atenção: ácido fólico não é a mesma coisa de ácido folínico. Tem que tomar cuidado para não confundir na hora de comprar.
Uma opção mais simples e também muito eficaz é usar Bactrin F (Sulfametoxazol + trimetoprima juntos). Em alguns casos mais graves também é necessário utilizar corticoesteróides por via oral (comprimidos), como a Prednisona (meticorten).
Para pessoas que tem alergia à sulfa, as opções disponíveis são Clindamicina e também a Azitromicina.

Toxoplasmose Ocular
Existe tratamento para a cicatriz da Toxoplasmose?


Infelizmente, a medicina atual ainda não tem como recuperar a visão que foi perdida devida a cicatriz da toxoplasmose. Não há como nós médicos "retirarmos" a cicatriz do olho, então, o local aonde a cicatriz atingiu, não tem como ser recuperado. Talvez, no futuro, com terapia genética ou células tronco seja possível mudar o tratamento da toxoplasmose.

A Toxoplasmose pode voltar?

Sim. Não se sabe porque alguns pacientes apresentam várias recidivas da toxoplasmose no olho enquanto outros tem a doença apenas uma vez. No entanto, sabemos que uma diminuição da imunidade pode fazer com que a doença volte. O parasita fica alojado na retina em forma de cistos. Esses cistos são resistentes aos medicamentos. Quando esses cistos rompem, o parasita pode causar novas lesões na retina.

Para saber mais sobre a Toxoplasmose na gestação, como diagnosticar a tratar essa doença, além de outras formas de toxoplasmose como a toxoplasmose congênita, leia esse blog de autoria do Dr. Pedro Pinheiro
http://www.mdsaude.com/2010/08/toxoplasmose-igg.html

Para saber sobre os efeitos colaterais dos Corticóides leia esse texto:
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/04/corticoides-efeitos-colaterais-nos.html


Saiba mais sobre outra formas de Uveite lendo o texto abaixo
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/10/uveite-ocular.html


Leia mais sobre Degeneração Macular da retina no texto abaixo
http://www.medicodeolhos.com.br/2010/07/dmri-prevencao-e-tratamento.html